O MISSÃO e a consolidação de um projeto político de
longo prazo
Conheci o
trabalho do MBL durante o período da Lava Jato e do impeachment de Dilma
Rousseff. De lá pra cá, o movimento cresceu de forma lenta, mas orgânica — até
2022. Depois, acelerou.
Quando eu
fazia parte da base do governo, entre 2019 e 2023, vivi de perto o racha com o
bolsonarismo. Ajudei a criticá-los. Eram histéricos, barraqueiros, embora
firmes em defender o que acreditavam. Havia um ponto fraco evidente: não
transmitiam segurança. A imagem pública do grupo ainda estava atrelada à de
adolescentes idealistas. Mesmo assim, o MBL seguiu em frente — apanhando de
todos os lados.
O que me
chama a atenção é a visão de longo prazo que demonstraram. Suas
lideranças cumpriram com maestria seus papéis. Pouco a pouco, a partir de uma
base sólida, conseguiram estruturar uma força política organizada — que, aliás,
deveria servir de modelo para novos projetos no campo conservador e liberal.
Renan
Santos é o cérebro, o grande estrategista. Nunca o conheci pessoalmente, mas
pela forma como defende suas posições, fica claro que ele transformou esse
projeto em seu propósito de vida. Falta isso hoje em dia. Ele é, sem dúvida, a
figura central.
Arthur do Val atua como vitrine midiática, responsável por intermediar a
comunicação com as massas. Já Kim Kataguiri cumpre o papel institucional,
amparado pela legitimidade do mandato parlamentar.
O
movimento ganhou maturidade. Cresceu em progressão geométrica. Domina com
precisão a comunicação digital e já começa a pautar o debate público. Foram
eles que abriram a “caixa-preta” do combate ao crime com argumentos ousados.
Não há como negar: o MBL já está no radar dos adversários de alta envergadura —
PL e PT — e figura, hoje, como um ator político promissor.
Eles sabem
que não vencerão as eleições de 2026 nem as de 2030, mas estão em ascensão
contínua e progressiva. A aprovação do partido Missão é a coroação de
uma trajetória marcada por disciplina e foco. Se não houver mudanças drásticas
no curso histórico, a chegada ao poder já não é mais uma questão de “se”, mas
de “quando”.
Concorde-se
ou não, apenas eles — e Ciro Gomes — provocam o debate em nível de projeto
de país. O restante do espectro político (direita, centrão e esquerda)
parece estagnado em pautas saturadas, reativas e incapazes de oferecer novas
alternativas ao Brasil.
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